segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ronnie James Dio (1942-2010)




Ronnie James Dio faleceu ontem, vitima de cancro. Foi membro dos Elf, Rainbow, Black Sabbath e Dio. Foi um dos vocalistas que mais admirei e ainda admiro no mundo do rock and roll. Lembro-me de comprar o cd Long Live Rock And Roll dos Rainbow e maravilhar-me com a sua voz única e aquelas letras sobre a época medieval do qual ele tanto compunha. Deixará saudades aos seus admiradores. Faleceu com 67 anos. O seu nome verdadeiro era Ronaldo Giovanni Padovan e era descendente de emigrantes italianos. Nasceu em New Hampshire (EUA).

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Akira (1988)




Admito que não sou fã de animes nem de mangas. Já tentaram incutir-me o gosto oriental mas falharam. No entanto há uma excepção: AKIRA.

Akira é sem dúvida um filme genial- baseado no manga da autoria de Katsuhiro Otomo que durou oito anos-,nota-se as influências de Philip K Dick, o mestre da literatura ficção cientifica, principalmente na área do Cyberpunk. O filme foi lançado no Japão no dia 16 de Julho de 1988, arrecadou milhões, venceu inúmeros prémios internacionais. Katsuhiro Otomo, o mesmo autor que criou o manga, realizou o filme.

Em Neo Tokyo, abalada por uma Terceira Guerra Mundial, vive-se o ano de 2019. Gangues de motoqueiros povoam uma nova cidade aterrorizada por grupos anti-governamentais. Kaneda é o líder de uma dessas gangues, e certa noite ele é avisado que um grupo rival que invadiu seu território. A sua gangue sai à caça do grupo rival (os “Palhaços”) e, durante a perseguição, um dos membros do seu grupo sofre um acidente de moto. A vitima, Tetsuo, sofre um acidente misterioso, e acaba preso numa sede governamental. Kaneda e os seus amigos aventuram-se em busca do seu amigo, mas algo mais assustador vai acontecer, porque Tetsuo não é exactamente um ser humano normal.

Este incrível filme de mais de duas horas, tornou-se imediatamente num clássico e influenciou a cultura ocidental pela sua estética cyberpunk.Para quem gostou de Blade Runner também pode gostar de Akira.

É claro que há pessoas que limitam-se a ver esta obra prima como uma animação para crianças, mas isso é outro assunto que pertence à mentalidade provinciana.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ingmar Bergman- Uma questão de filmografia

Sempre disse que Ingmar Bergman e Martin Scorsese são os realizadores que mais aprecio. No entanto, neste post vou falar dos três filmes que passaram na RTP 2 nos ultimos tempos, de Ingmar Bergman. São filmes simples, fábulas humanas. tão humanas como os nossos olhos conseguem ver. Para quem não está presente nem assistiu á sua obra certamente que se aborrecerá. Não há efeitos especiais explosivos, nem enquadramentos pomposos, típicos de um filme de grande produção. Isso não quer dizer que eu não goste de filmes comerciais. Aliás estou-me nas tintas se este ou aquele filme é comercial ou não, ou se é aborrecido ou cheio de acção, para mim pouco importa. Se tiver uma boa história, uma boa estrutura e se for bem filmado já tens um bom filme. Ora aqui vamos nós:





Morangos Silvestres (1957)

Recebeu o prémio Urso de Ouro para melhor filme de 1958. É um filme excepcional que relata as memórias de um professor de medicina, Isak Borg. Parte com a sua nora Marianne e durante a sua travessia de Estocolmo até Lund econtram, pela estrada, três jovens. O professor vai partilhandos as suas memórias da sua juventude com as quatro pessoas no carro. Objectivo da viagem?- o reconhecimento honorário da universidade de Lund pelos seus 50 anos de carreira.






Lágrimas e Suspiros (1973)


Venceu o óscar para melhor fotografia em 1974. É um filme simples com uma história quase não lienar. Para os espectadores mais distraídos talvez não saibam mas há uma forte presença das duas cores que são actos simbólicos: o vermelho representa a morte e o branco representa o esquecimento. Ingmar Bergman contrastou as cores de uma forma brilhante. O filme conta a história de duas irmãs que cuidam de uma terceira em seu leito de morte, ambas temerosas diante do inevitável, mas no fundo anseiam para que tenha um fim. A criada é a única pessoa que lhe dá a devida atenção. Tudo isso resulta de uma mensagem para a burguesia e os seus sinais de hipocrisia.




Sonata De Outono (1978)

Sonata de Outono é outro filme que merece aplausos pelo seu excelente ambiente de cenários bem compostos e principalmente pela presença majestoja de Ingrid Bergman, estrela do filme Casablanca.
O filme relata a relação de amor/ódio entre a filha frágil, mais uma vez com uma interpretação fabulosa de Liv Ullmann, e de sua mãe, interpretada por Ingrid Bergman, uma pianista de sucesso. Este filme é uma espécie de acerto de contas final entre mãe e filha e também uma viagem pelo passado donde encontramos as peças fundamentais para o desenvolvimento do filme. Feérico e de grande empenho, é o que se pode dizer desta peça cinematográfica da obra de Bergman.

José Afonso- Cantigas Do Maio (1971)


Este álbum representa toda a essência do pós- 25 de Abril, aquela época que ficou marcada por novas promessas de uma nova utopia. Ao contrário dos álbuns anteriores de Zeca Afonso, Cantigas Do Maio resulta de uma complexida maior nos arranjos mas mantendo sempre a sua faceta nas letras.
A mistura de cantares alentejanos, pop, folk e musica popular dá-nos a recordação perfeita de um disco perfeito. Editado em 1971, foi produzido por José Mário Branco e gravado por Gilles Sallé no Strawberrie Studio, em França.É um disco para ouvir, recordar as lutas intensas do proletariado, dos portugueses que ansiavam pela liberdade e por uma nova utopia. É também um disco findamental para quem gosta simplesmente de música e queira explorar novos territórios na música. Acredite, não se vai arrepender.
Foi deste álbum que foi tocada, na Rádio Clube, a contra-senha da revolução, a famosa Grândola Vila Morena.
E fica este curioso testemunho:
« Nascido para, como diz a cantiga, "abrir grandes janelas", o Zeca sempre suportou maio fechamento - quer o das ideias, quer o dos espaços.
Das duas vezes que foi a Paris gravar comigo, em 1971 ("Cantigas do Maio") e 1973 ("Venham mais cinco"), nunca ele escondeu quanto lhe desagradava e o indispunha a necessidade de ficar fechado no estúdio durante horas, e quanto ele não gostava nada de Paris nem do ambiente dos portugueses de Paris - hoje entendo como tinha razão.Porque haveria de ser preciso fecharmo-nos, horas e horas a fio, na tensa clausura de um estúdio de gravações, se o objectivo era precisamente registar os grandes e puros espaços sonoros das suas melodias, a frescura densa da sua voz, a força simples e lírica das suas palavras? As máquinas! custava-lhe aceitar que a "limpeza" e a "verdade" do som só pudessem ser conseguidas, neste mundo sujo e atravancado, por meio das máquinas, das técnicas, do isolamento acústico. Custava.lhe aceitar que, para fazer chegar aos outros as coisas belas e simples que inventava, fosse preciso tanta guerra para reconquistar o silêncio, a página branca, o patamar vazio donde tudo tem que partir.
Assim, por entre mil episódios que atestam o que acabo de dizer, há esse - o da gravação do "Cantar Alentejano" ("Chamava-se Catarina... ") - que testemunhei aquando da gravação das "Can­tigas do Maio", juntamente com a Zélia, o Fanhais, a Isabel Alves Costa, o técnico Gilles Sallé e, naturalmente, o violista Carlos Correia (Bóris). A opção de arranjo foi: só a viola, e a voz do Zeca. Sem rede.
O regime de gravações - tardes e noites - fez que, nesse principio de tarde, fosse a altura de gravar o "Cantar Alentejano", "Vamos a isto, Zeca?", ia eu dizendo, naturalmente preocupado com a factura do estúdio. "Não tens nada para ir metendo?", desconversava ele. Via-se que não estava pronto. "Queres ir me­tendo outras coisas? Faltam vozes no "Milho Verde" e no "Senhor Arcanjo"... E assim ia passando a tarde. "Está bem, vamos me­tendo outras vozes". Mas não se conseguia grande coisa. A alma dele - percebi depois - estava toda no Alentejo, nos olhos de Catarina Eufémia. E, como tantas vezes acontecia, andava no estúdio para cá e para lá, em passos nervosos, como o jovem leão na sua jaula.
Até que, já pela tardinha: "Eu vou até lá fora, olhar para as vacas" - o estúdio era numa quinta apalaçada, no meio dos campos. Desapareceu, uma hora ou duas. Quando voltou já era quase noite. "Vamos gravar a Catarina". O Bóris meteu-se na pequena cabina, para o som da viola ficar isolado da voz. O Zeca, no meio do estúdio, sozinho e às escuras, cantou. Uma só vez. É essa que está no disco.Nós, os outros, os privilegiados espectadores, estávamos na central técnica, quase todos a chorar incluindo o técnico francês. "Acham que é melhor eu cantar isto outra vez?""Não, Zeca, não. Está muito bem assim..." »

A Rua Pequena, Vermeer

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