domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sam Peckinpah

imagem de The Getaway (1972)___________________________________




Sam Peckinpah (21 de Fevereiro de 1925)é aquilo que podemos chamar o pai dos filmes violentos. Realizador visionário, os seus filmes acompanhavam um estilo "slow-motion", como se fosse uma cena essencial para o decurso final da história. Muitos dos seus filmes se passam ou fazem referências ao México por ser filho de indios. Estudou arte dramática, foi argumentista (escreveu para Ron Siegel) e foi realizador. O seu estilo unico e reverente tornou-se referencia para cineastas como Quentin Tarantino. Os seus Westerns, influenciados por filmes de Sergio Leone, eram extremamente violentos para a época assim como os seus filmes de acção. The Deadly Companions foi o seu primeiro filme, tendo estreia em 1961. Procurando não fazer western de sequências moralistas como nos filmes de John Ford, a ingenuidade é destituida dando lugar ao realismo, ostracismo e uma crise sócio-cultural que tanto humaniza as personagens. Mais do que um realizador de filmes violentos- era um realizador que filmava os ditames e imperfeições das personagens que levavam ao culminar do filme.

Morreu aos 59 anos de idade num hospital de Los Angeles, depois de ter sofrido um ataque cardíaco, no México, onde passava as férias com sua a mulher, a atriz Begona Palácios e a sua filha Guadalupe.

Sam Peckinpah foi um realizador fora de série, que não se rendeu á velha Hollywood nem se rendeu ás consequências finais.
Quentin Tarantino é provavelmente o seu herdeiro mais próximo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

John Dos Passos- evocação




Depois de Manhattan Transfer agora é a vez da colossal obra ser levada ao mercado literário: a Trilogia U.S.A.. John Dos Passos, dono de uma escrita pungenta e cinematográfica, só recentemente foi descoberto pelo mercado nacional. Não é um escritor dos nossos dias, mas a sua escrita faz parecer que sim- os famosos recortes de jornais, o olho da Camâra e a escrita experimental são meios expressivos que transformaram-se na sua marca registada- a procura dos seus livros não tem sido pouca segundo a minha opinião (há lojas com as suas obras esgotadas) o que é louvável. O que é lamentável é a pouca percussão que a sua obra tem tido nas revistas literárias, principalmente na prestigiada LER. Seja como for o projecto editorial levado a cabo pela Editora Presença tem sido positiva.


É só esperar pela terceira parte da trilogia USA: Big Money.
Licenciou-se pela Universidade de Harvard e após o final da Primeira Guerra começou a escrever para jornais e revistas. Publicou ao longo da sua carreira cerca de quarenta obras, sendo as mais famosas Manhattan Transfer e a trilogia U.S.A. Morreu em 1970. Pertence á Lost Generation.

Ramalho Ortigão contra o "Big Brother"

Não resisti ao fazer copy paste do texto da autoria de Patrick Dias da Cunha, um texto de natureza elementar, apelando a uma certa seriedade que todos nós precisamos. É só uma questão de esforço.
Ramalho Ortigão (1836-1915) pode ser uma boa referência para resistirmos à "big-brotherização" do país. É essa a sugestão expressa num mail de Patrick Dias da Cunha, evocando o autor de As Farpas a propósito de uma série de posts aqui publicada sobre a divulgação das escutas, o populismo de algumas formas de jornalismo e, em especial, a degradação do espaço público. Agradecendo a intervenção, aqui ficam algumas propostas de reflexão do nosso visitante:
(...) Não foi só a política que se suicidou; o jornalismo também está a cometer um lento hara-kiri. E a responsabilidade não é da Net e dos blogues. Muitas outras indústrias souberam aproveitar rupturas abruptas e mudanças de paradigma para se reinventarem e ganhar novos fôlegos. E a responsabilidade também não é da falta de exigência da audiência, do povo que somos. Já no século XIX, numa das suas “Farpas”, Ramalho Ortigão afirmava que “tudo o que a educação do povo não recebe dos jornais rouba-o o jornal à educação do povo”. O hara-kiri é cometido pelos próprios protagonistas, por aqueles que se movimentam no palco mediático, tanto à frente como atrás das cortinas, pelos actores e pelas marionetas, pelos encenadores e pelos cenógrafos. Quase todos os protagonistas parecem dançar ao som da mesma música.
Contudo, não é esta proliferação da “sinistra lógica de Big Brother” propagada através de um jornalismo cada vez mais rendido ao estilo tablóide que mais me preocupa. O que sobretudo me preocupa é a ausência, na comunicação social, de um único projecto de qualidade, que ouse romper com o status quo e que aposte num regresso aos “valores clássicos do jornalismo”. Quem tem a capacidade económica para investir num projecto dessa natureza não o faz. Por falta de visão, por falta de interesse ou por falta de coragem."
Patrick Dias da Cunha
Retirado no blog sound--vision

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Syd Barret- Quarenta anos de Madcap Laughs






Faz hoje 40 anos o dia em que foi editado o álbum a solo de Syd Barrett. O seu afastamento nos Pink Floyd não representou um final da sua carreira enquanto músico.

Ainda em 1968, Barrett registou uma série de sessões, que todavia deixou incompletas. Retomado mais tarde, o trabalho do qual nasceria o primeiro álbum a solo de Syd Barrett envolveu músicos dos Soft Machine e Humble Pie, trabalhando estes sobre esboços e maquetes para voz e guitarra gravados pelo ex-Pink Floyd. Roger Waters e David Gilmour chegaram também a colaborar na etapa final da produção de um álbum que acabaria editado em Janeiro de 1970.

É um registo unico, impressionante e quase surrealista e ao mesmo tempo belo e frágil. Tal como no primeiro álbum dos Pink Floyd as letras de Syd em Madcap Laughs não deixa de transperecer uma visão muito própria e intimista do autor tão unico que é Syd Barret. Pode-se dizer que Madcap Laughs marcou-me. É um álbum único e que não agradará a todos devido ao seu clima e visão pessoal. Um músico que ficou para a história como um dos vocalistas mais marcantes de sempre a prova disso está em David Bowie: nunca escondeu que muito da sua carreira foi inspirada em Syd Barret.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Raging Bull (1980)




Como descrever uma obra prima que apesar dos seus méritos foi mal tratada o aquando o seu lançamento? Depois do excelente musical (um fracasso) New York, New York e da experiência documental nos The Last Waltz e Steven Price, De Niro que já tinha chamado a atenção de Scorsese para a biografia de La Motta, volta á carga na altura em que Scorsese não vive nos seus momentos mais auspiciosos. Aceita sem convicção a proposta de De Niro e trabalha em várias versões do seu argumento tendo sido finalizado por Paul Schrader, esse mesmo que acaba por chamar a atenção de Scorsese. Em Toiro Enraivecido, Scorsese reinventa uma nova forma de filmar combates de boxe e impõe o preto e branco nas filmagens.

A história passa-se durante a ascensão e queda de um boxeador tendo nos principais papéis Robert De Niro como Jake La Motta e Joe Pesci como Joey La Motta, irmãos respectivamente.

Na minha humilde opinião considero Toiro Enraivecido o segundo melhor trabalho de Scorsese, ficando atrás de Taxi Driver. Tive o prazer de presenciá-lo no Cinemateca, uma obra prima que poderá não agradar a todos mas não deixa de o surpreender. Aclamado pelos críticos, De Niro levou um óscar para melhor desempenho mas infelizmente o publico não soube recolher bem o filme. Com o passar do tempo conseguimos aperceber que esta era afinal uma obra prima.