segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ser-se patriota é apoiar a selecção

O futebol está no topo jornalístico, como vem provando os meios de comunicação. A vasta e asfixiante propaganda parece funcionar 24 horas por dia, como único meio de realçar a nossa veia patriótica: deixemos de ilusões, Portugal não é, manifestamente, uma equipa de futebol favorável mas sim mera equipa como outras.
O que nos faz fantasiar e gritar pela selecção? Pertencer ás massas como gado à espera de milagre? A mera comparticipação de nos deixarmos iludir pela propaganda, que aliás, lucra intensamente com a nossa ingenuidade? Não tenho respostas, só opinião. De facto, podemos constatar que a febre nacional é uma maneira de esquecermos os tempos difíceis e, acima de tudo, uma nova maneira de se ser patriótico.
E os heróis que deram as suas vidas pela nação? Eles que derramaram sangue ou sacrificaram as suas vidas pela nação, eles que descobriram novas terras e expandiram a nossa cultura, eles que deram tudo de tudo pela cultura; onde estão os poetas, soldados, romancistas, povo, pintores ou cineastas metidos? Num elo invisível que ninguém parece querer saber? Deambulamos numa maré de utopia, como crianças à espera de que as suas vidas sejam alteradas de pior para melhor com um simples golo. E as malditas vuvuzelas...essas malditas vuvuzelas... são autenticas anedotas; símbolo da ignorância, objecto mercantil que deixou de ser símbolo de um país para pertencer a uma estrutura abjecta capitalista. Cá Camões ou D. Afonso Henriques choram de tanto rir: ser-se patriota é gostar de figuras banais e que não diz nada a ninguém.

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